quarta-feira, 22 de julho de 2009

Divagações sobre texto X ilustração no livro infantil e juvenil

Meu sonho é ter todos os livros dos autores que recomendo pela apresentação de slides. Alguns eu faço questão de adquirir novinhos, por causa da ilustração, outros eu compro em sebos. Devo confessar que ilustração é uma coisa que sempre me atraiu; além de ser uma linguagem muito eficiente, quando bem empregada, é muito sedutora, conduzindo o leitor através da narrativa escrita e adicionando informações.

O interessante é que há muitos livros que só prestam por causa da ilustração, o texto em si deixa muito a desejar. Sobre isso, lembro o que Bartolomeu Campos de Queirós disse no V Encontro de Literatura Infantil e Juvenil - Leitura e Crítica, no Rio de Janeiro: que o livro infantil não deve se vender apenas pela imagem, mas deve haver uma história, uma narrativa consistente, de conteúdo.


Devo dizer que concordo com ele. Acho que a narrativa criada pelo escritor e a narrativa criada pelo ilustrador precisam caminhar juntas. Uma não deveria se sobrepujar demais à outra. Da mesma forma como me frusto ao ler um livro totalmente razo em conteúdo, mas com ilustrações belíssimas, quando pego um livro cuja narrativa escrita se mostra um primor, mas as imagens deixam muito a desejar, sinto um dó tão grande! Chega até a dar revolta! A narrativa merece mais do que isso, pelo amor de Deus!!!

Isso porque acho a narrativa visual tão importante quanto a escrita. No momento que uma editora se propõe a publicar um livro que tenha ilustração, ela deve se preocupar não somente com a qualidade do texto, mas também com a das imagens. E para começo de conversa, acho que a ilustração não é exclusividade do livro infantil; o livro voltado aos leitores jovens merece o mesmo cuidado gráfico do que o da faixa etária anterior. Não fazê-lo é contribuir para o preconceito de que ilustração é coisa para crianças, o que, convenhamos, é uma besteira. Uma boa ilustração, assim como uma boa narrativa escrita, ultrapassa fronteiras de idade.


As editoras não devem temer que o jovem rejeite um livro com imagens por achar infantil; isso é coisa que a sociedade (preconceituosa) incutiu em nossas mentes. Ao contrário, deve investir em qualidade editorial, dando tanta atenção às imagens quanto ao texto. Não quero dizer com isso que não existem livros juvenis com belas ilustrações, vide o belíssimo Abarat, de Clive Barker, mas há de se convir que ainda estamos engatinhando nesse quesito.

É interessante notar que isso não acontece somente aqui: Portugal enfrenta esse mesmo preconceito e outros, todos relativos à literatura infantil. Você pode ler mais sobre isso no blog O Livro Infantil. Serão esses preconceitos universais?


Um último comentário. Fiquei muito tentada a comprar o novo livro organizado pela ótima Ieda de Oliveira, O que é qualidade em ilustração no livro infantil e juvenil - com a palavra o ilustrador, na ocasião do Salão FNLIJ. Esse livro é um prato cheio para quem se interessa (como eu) no assunto e tem artigos, imagens e depoimentos de artistas do Brasil e de Portugal. Infelizmente, o preço estava além do máximo que me propus a pagar em um só livro e acabei deixando a compra para depois. Além disso, vocês não imaginam a quantidade de livros que tenho para ler! Então, pensei, muito bem pensado, que deveria primeiro terminar de ler todos os livros que adquiri (alguns no próprio salão) para depois comprar qualquer livro novo. Mas dá um comichão...

Fareis tudo o que seu mestre mandar?:

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